segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Ciranda de Pedra

"Ouça bem.. é preciso amar o inútil.
Criar pombos sem pensar em comê-los,
plantar roseiras sem pensar em colher rosas,
escrever sem pensar em publicar,
fazer coisas assim, sem esperar nada em troca.
A distância mais curta entre dois pontos pode ser a linha reta,
mas é nos caminhos curvos que se encontram as melhores coisas
A música, este céu que promete chuva,
aquela estrelinha que está nascendo, está vendo aquela estrelinha?
Há milênios não tem feito nada
não guiou os reis magos, nem os pastores, nem os marinheiros perdidos
Não faz nada
ninguém repara nela porque ela é inútil,
pois é preciso amar o inutil ,poque no inutil está a beleza..."
(Lygia Fagundes Teles, in: "ciranda de pedra")

31 de dezembro de 2007

Dias distantes. Dores constantes. Assim se deram meus últimos dias. A dor que me pressionava contra a parede, a vontade de fugir do meu próprio corpo. Os filmes não paravam de rolar e o corpo permanecia ali, calado e distante...

O ano está indo embora e deixando sorrisos. Mas sei lá, viu... Acho melhor você acabar logo com tudo isso. Vamos, vamos! Saia logo do meu calendário. Deixe-me com o novo, com o 2008! Deixe-me, deixe-me e leve tudo com você. TUDO! Já levou parte de mim mesmo, agora vê se leva todo o resto! Ops, fui muito grossa, né. Foi mal. Então... a porta fica logo ali em frente, tá...Fique bem... bem longe daqui!

10 de dezembro de 2007

Respira, respira! Nada pode atrapalhar. Nada vai atrapalhar. Deixe-se levar. Deixe-se viver! E adeus aos mal-humorados e arrogantes. Deixe-os de lado. Vamos viver em paz, vamos aprender a viver em paz. Ter controle é preciso e chegou o momento de se ter equilíbrio, exigir isso de si mesmo. Respeitar a si mesmo e claro, respeitar os outros também. Mas sempre estabelecendo um limite. Sim, um limite. Coisa que quase nunca existiu por aqui. É, tudo tem que se adaptar. O tempo exige mudanças. Então vamos lá.

29 de novembro de 2007

Vidinha comédia essa minha! São tão divertidos os meus desesperos. Adoram sentar na grama comigo e me fazer rir das nossas muitas traquinagens! Quero mais o quê? É só abrir os braços e deixar que venham todos eles. Festa certeira!

11 de setembro de 2007

E a noite me convida para mais uma conversa, para mais sorrisos. Ah, que vontade louca de ficar por aqui e esquecer o dia de amanhã. Mas eu não estou só e sou obrigada a recusar o convite. Preciso ir. Voltarei daqui dois dias. Dois dias que serão longos e curtos demais para mim.

04 de setembro de 2007

Não gosto de saber que tenho aversão por alguma coisa. Não gosto de ver meu corpo se afastando quando, no momento anterior, estava tão próximo. Gosto de falar, de sentir, de estar. Olhar para trás? Só se for pra buscar calor. A fuga passa longe nos dias de hoje. Mas a aversão... Inconstância, precisa fazer parte da busca? Passa, passa longe porque quero sorrir. Chega de culpa. Não posso deixar o tempo partir sem que todos estejam aqui. Só consigo ser eu quando estou com todas as mãos que encontrei pelo caminho. Velho egoísmo, sempre se faz presente.

06 anos. O que mudou? A direção de um olhar. É isso. Acho que é isso.

23 de agosto de 2007

Alegria de quem se junta a um grupo. Possibilidades em vidas perdidas. Rosto do menino que sorri para quem se aproxima. Blusa vermelha de quem caminha atrás de um algodão-doce. Um jeito bonito de se apresentar. Simples e sincero. E eu, boba, vou me emocionar sempre com pessoas assim. Existe torcida por trás do meu corpo que para. Quero te ver bem. E quando distante, terei a certeza de que você seguiu seus próprios passos. Sim, sou apenas passageira.

15 de agosto de 2007

Pensar em qualquer coisa de nós dois é cair num dos nossos abraços apertados e não encontrar mais saída alguma, só a vontade de não ver desfeitos os braços em volta do que nos tornamos.

11 de agosto de 2007

O sono foi meu melhor companheiro do dia, trouxe a paz que eu tanto desejava e até esperança de dias melhores. E como doeu o peito hoje, doeu ter algumas certezas, doeu perceber que escolhas devem ser feitas e que minha felicidade está intimamente ligada a elas, doeu pensar nas relações estabelecidas, doeu reconhecer as palavras escutadas, doeu. Tanta dor que os sonhos espantaram para longe, trazendo o alívio desejado. Agora, estou aqui e em mim, sentada à beira da janela pra ver a vida e o movimento que existe lá fora.

06 de agosto de 2007

"Algumas vezes fiz muito mal para as pessoas que me amaram. Não é paranóia não. É verdade. Sou tão talvez neuroticamente individualista, que quando acontece de alguém parecer aos meus olhos uma ameaça a essa individualidade, fico imediatamente cheio de espinhos - e corto relacionamentos com a maior frieza, às vezes firo, sou agressivo e tal. É preciso acabar com esse medo de ser tocado lá no fundo. Ou é preciso que alguém me toque profundamente para acabar com isso."

Caio Fernando Abreu

Deu até arrepio tamanha identificação!

23 de julho de 2007

Os anos passam e o que muda é apenas a forma de se colocar no mundo, a forma como as palavras pulam e caem no chão... Hoje elas saem correndo e não se preocupam se cairão em pé ou sentadas, de joelhos ou com a boca no chão... Sabem levantar, sabem que alguém as espera, sabem que podem abrir o seu melhor sorriso para quem está por perto.

20 de julho de 2007

Quando joguei o que eu mais gostava para o alto, nem imaginava que o grande peso se transformaria em flores. Agora tenho as mais belas pétalas e um perfume que faz voar. Se estou no céu, eu não sei, mas é nisso que procuro acreditar. Afinal, estou sentindo o que sempre desejei sentir: segurança.

18 de julho de 2007

Eu aqui com alguma coisa fora do lugar. Talvez seja a ausência de horas, o tempo em que eu pensava na vida antes de dormir, o comer sem pressa, as conversas despretenciosas acompanhadas de café, os pés dançando enquanto deitados na cama com a tv, o correr pela casa... As coisas pequenas do dia acompanhadas de sorrisos. Não sei onde deixei nada disso. Com tanta arrumação, devo ter trancado em alguma caixa no armário. É isso, deve ser isso...